Todos os dias escuto mulheres, homens, crianças, jovens e idosos falarem sobre cabelo.

Entra geração, sai geração e esse atributo provoca muita inquietação e afeta a autoestima. Quando se torna motivo de insatisfação, diante de qualquer desilusão ou decepção, a primeira providência que a pessoa toma é querer modificar o cabelo, como se nele estivesse a origem dos problemas e a solução para tudo.

Quem tem liso, quer ter cacheado. Quem tem curto, quer ter longo. Quem tem longo, quer cortar. Quem tem escuro, quer clarear. É um Deus nos acuda. Um dia, uma amiga me disse que, se tivesse uma varinha mágica, transformaria seu cabelo crespo em liso só para sentir o movimento do vento nos cabelos.

Faz tempo que o “Nero” ou a denominada “touca” era responsável pela disciplina dos cabelos, que ganhavam o aspecto de lisos e bem penteados. Assim fazia um amigo, que para isso cortava as meias finas da mãe.

Anos atrás, havia uma empregada doméstica que gastava todo o seu salário do mês com alisamento de seus cabelos. Demonstrava a maior dificuldade para passar as roupas, mas não abria mão de “passar ferro” em seus cabelos.  Esse era o recurso naquela ocasião – alisamento de cabelos em chapa de ferro quente.

Hoje não existe mais isso.

A tecnologia contribui bastante para realizar o sonho de muitas mulheres e até de homens de terem um cabelo liso e com movimento.  São chapinhas de cerâmica, são produtos químicos, são cremes alisantes e uma infinidade de recursos que se busca para que os cabelos se apresentem disciplinados, obedecendo a um padrão estético muitas vezes ditador.

Há de se considerar ainda a questão da calvície. Tive um cliente que, desesperado porque seus cabelos começaram a cair fazendo surgir a calvície, confessou-se extremamente preocupado porque, diante da nova aparência, não conseguiria sequer “pegar moscas”!

Ele não reconhecia, portanto, que possuía outros atributos a serem valorizados. Foi necessário um trabalho de resgate de autoestima e de sua imagem positiva para que ele pudesse sentir autoconfiança, aceitando seu corpo e imagem como padrões naturais da vida que se modificam com o passar do tempo.

A preocupação com os cabelos parece ser comum a todas as nacionalidades, desde a infância até a velhice.

As pessoas geralmente rejeitam a originalidade, abrem mão de se apresentarem de modo genuíno para sucumbirem aos padrões estéticos ditados por culturas dominantes. E assim, garotas exigem as “escovas” até para irem à escola; mulheres deixam de ir a eventos por considerarem seus cabelos impróprios.

A própria mídia reforça essa maneira de pensar e agir ao exibir em comerciais, apresentações diversas, filmes e novelas, cabelos bonitos associados ao sucesso e à felicidade.

Isso resulta em um consumo por vezes exagerado de produtos para cabelos cada vez mais caros e sofisticados, que torna o Brasil um dos maiores consumidores desses cosméticos, e sacrifica, algumas vezes, o orçamento de muitas famílias.

As pessoas precisam se conscientizar de que há formas mais eficazes de se investir na imagem e na autoestima. A consultoria de imagem, terapia ou coaching pode e muito auxiliar as pessoas a se reformarem internamente, aceitando-se e elevando a autoestima.

É certo que todos devemos cuidar dos cabelos, mantê-los limpos, saudáveis, brilhantes, bem retocados, sem caspas e quedas. Ele é, sim, um grande aliado da boa estética, principalmente quando se adéqua ao corte e à morfologia do rosto. Mas os cabelos devem ser aceitos como são: crespos, lisos, ondulados.

A inquietação advém de uma insatisfação constante que impede as pessoas de se apresentarem de uma forma melhor com o cabelo que possuem. De nada adianta buscar os recursos das escovas definitivas”, “inteligentes” e “chapinhas” para os cabelos ficarem lisos, mas ignorar que o formato do rosto deve se harmonizar ao tipo de cabelo, seja ele cacheado, ondulado ou mesmo crespo.

Deve-se considerar ainda que produtos como o formol podem causar efeitos nocivos à saúde, até mesmo provocar o câncer. Por que então arriscar a saúde em prol de um cabelo “liso”?

O importante é que o cabelo esteja bem cuidado, limpo e hidratado. Isso rejuvenesce e desvia a atenção das rugas para um cabelo que se apresente naturalmente bem tratado.

O que pode parecer uma insatisfação com o cabelo muitas vezes é insatisfação consigo mesmo, com a autoestima.

Tenho certeza de que você possui predicativos atraentes, atributos interessantes, que, se bem cuidados e valorizados, vão lhe revelar uma aparência bonita, positiva, capaz de desassociar o cabelo da felicidade.

Identificar um estilo de cabelo que seja atraente e se harmonize com o rosto é fundamental para mantê-los bem cuidados e adequados às várias situações a que pertencemos.

Não só na vida pessoal, por exemplo, mas também no ambiente de trabalho, deve-se usar cabelos bem cuidados, limpos e bem arrumados, pois, se desleixados, despenteados e sujos, afetam a opinião dos outros a nosso respeito.

Veja neste vídeo a diversidade de corte, cores e penteados.  Cada uma aceitando o seu cabelo do jeito que é, e desenvolvendo outras habilidades que trazem mais felicidade.